Patinho Branco

sexta-feira, 24 de junho de 2011

O Café

Fotografia: Reforma do carro velho  no quintal.

Esse ai é um Renault/Willys Interlagos Coupe 64, reformado para parecer uma Ferrari Dino. Teve motor, cambio e suspensão reformados. Tudo original "Gordini".



A Willys fabricava em São Bernardo do Campo sob licença da Renault. Esse carrinho esportivo foi o primeiro carro com carroceria de fibra de vidro fabricado em série  no Brasil. Bom de pista, deu muitos títulos ao corredores brasileiros especialmente na Argentina.


O Café

A historia do café no Brasil, não sei se está mais para uma novela, tipo Ribeirão do Tempo, ou  para um filme tipo James Bond. Uma coisa é certa: tem muita coisa estranha.

O protagonista dessa historia foi um certo Francisco de Melo Palheta , que a serviço da coroa portuguesa e do governador do Grão Pará, fazia serviços de espionagem, no mais glorioso estilo de filmes do gênero, tendo sido talvez um dos precursores dos agentes secretos tão famosos durante a guerra fria.

Não foram poucas as missões de Palheta,  que na sua vida relativamente longa,  a coroa portuguesa o incumbiu,  que alias, sempre levou a cabo com muita perícia e ousadia.

Ainda moço, com 21 anos, fez parte de uma missão encarregada de levar de volta a terras espanholas, um certo padre jesuíta chamado Samuel Fritz , que andava la pelas capitanias do norte do Brasil espionando, provavelmente para a coroa espanhola.

A detenção do padre loiolista seria um erro diante do poder da igreja na época, sendo que D. Pedro II, rei de Portugal optou por sua deportação. Isso significava viajar de Belém a Quito, pelo Amazonas, e colocar o padre em terras espanholas. Missão trabalhosa, de difícil execução, pois não seriam poucos os perigos nessas paragens desconhecidas.

Palheta capitaneou a missão acompanhado de um médico, um alferes, sete soldados e de trinta e cinco índios, que durante meses remariam até a cabeceira do rio.

Pouco se sabe sobre o que animava esses homens durante os difíceis dias de viagem, ate o destino da missão, mas com certeza o sonho de encontrar ouro pelo caminho e voltar para Portugal  rico, nunca saiu da cabeça de nenhum português, mesmo nascido no Brasil, caso de Francisco Palheta. Isso se chamava fazer a América.

Das missões conhecidas de Palheta, ou que acabaram vindo a publico, está uma incursão pelo Rio Madeira para espionar as minas espanholas do Peru, cuja noticia de sua existência já faziam ferver as cortes europeias. Qualquer boato sobre ouro na América, as coroas europeias ficavam endoidecidas. Era o sonho do Eldorado, a cidade de ouro, escondida no meio da selva.

Apesar de ser a América espanhola e portuguesa, a França nunca respeitou esse direito luso-espanhol  e atacou essas terras até por fim nascer a Guiana Francesa , que depois de muito custo para a coroa portuguesa, reconheceram (os franceses), os limites de fronteira com o Brasil.

Palheta gora com seus cinquenta e sete anos, recebeu uma nova missão do governador do Estado do Maranhão; investigar se os franceses, lá na Guiana, estavam respeitando o tratado de fronteiras.
Viajou Palheta para  Caiena, com ordens precisas para serem seguidas, mas ao que parece a missão mesmo era de entrar na cidade e permanecer ali por algum tempo, para algum outro propósito escuso.

Palheta levava uma carta ao governador  da Guiana Claude d'Orvilliers. A presença de Palheta e da carta em Caiena era justamente em agradecimento à presença de representantes franceses no reconhecimento do marco português de fronteira. Pare4ce que era apenas um ardil para justificar um representante da coroa portuguesa em terras francesas, cujos conflitos todos conhecemos.

Palheta foi recebido pelo governador d'Orvilliers e o que falaram ou combinaram não se sabe. Palheta deve ter ficado em Caiena por algum tempo, pois comenta-se que teria seduzido a mulher do governador e que esta teria ficado apaixonada e dado ao seu amante (de cinquenta e sete anos),  sementes e mudas de café, como prova de seu amor eterno. Pelo jeito o Governador foi subornado naquela conversa, e o resto é resto é só conversa fiada.

O certo é que Palheta voltou para o Brasil com mudas e sementes de café com as quais se iniciou uma cultura vigorosa em nossas terras, o que nos deu uma força econômica impressionante. Inicialmente cultivado no Pará , o sul seria o reduto definitivo do café.

Fez um longo caminho até achar clima adequado em São Paulo. Passou pela Bahia, Rio de Janeiro, Minas, Espírito Santo e finalmente São Paulo, que com terras férteis, clima propicio e a mão de obra dos imigrantes italianos, proporcionou um progresso econômico nunca visto.
Foi a custa do sargento mor Francisco de Melo Palheta, um português nascido no Brasil, que encontramos o Eldorado Negro, trazido de terras francesas.

Talvez seja por isso que o café no Brasil não é apenas uma bebida saborosa, mas é antes de tudo a identidade de um povo, assim como o samba, o futebol e a feijoada.

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Quem é o Patinho Branco?

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Itanhaém, SP, Brazil
Formado em Administração, pescador de pesqueiro, palmeirense de quatro costados. Adoro os anos 70: tenho uma Caloi 10( são três na verdade), um fuca bala além de uma maquina fotografica Pentax Assay 35mm, só para curtir essa década maravilhosa. Cultivo uma pequena horta de temperos no quintal. Temos Manjericão do comum e do roxo, Alecrim, Hortelã, Salsinha, Cebolinha, orégano, Pimenta dedo de moça, malagueta e de cheiro. Gosto de estar com a familia, churrasquear e cozinhar, pedalar e bater papo com os amigos. Caminhar na praia é atividade obrigatória de todos os dias, quando o tempo ajuda.