Patinho Branco

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

"A Raposa e as Uvas" x "O Canto da Sereia"


Foto do trem na viagem que fizemos, ou tentávamos, fazer para a Bolívia.
A viagem acabou aqui mesmo no Brasil, na cidade fronteiriça de Corumba, só por sermos estudantes e usarmos barba. Tempos difíceis de ditadura.
Não completamos a viagem mas assim mesmo rendeu muita historia.
Eu de óculos e o Valdir ao lado, num dos raros momentos em que o trem ficava vazio.
O Valdir se formou em Psicologia e eu em Administração. Era ruim mas era bom.













A Arte de Tornar o Inaceitável em Aceitável.



O Senador Mercadante proporcionou a todos, um episodio no mínimo bizarro em sua carreira política, que ávido em aparecer bonito na fotografia, para garantir prestigio e votos, atacou vorazmente aquilo que ele justamente julgava impróprio, porem, ao mesmo tempo, parecia ser um bom recurso para faturar em cima da opinião publica.

Apressou-se em tomar posições e tomou um rumo contrario ao seu próprio partido, o PT. Foi tão contundente na sua opinião, que não deixou espaço para um possível recuo diante do seu partido, que aliás de tão petulante que está, nem se preocupa mais em se limpar das sujeiras que já protagonizou.

Começou então um jogo político do ser ou não ser, sigo em frente ou puxo o breque de mão. Acompanhar a opinião espúria do partido, seria trazer para si toda imoralidade do PT, e arcar com todo o custo político de uma decisão digna da Cosa Nostra, ou quem sabe da Yakusa.

Aquele ímpeto inicial de ataque, caiu por terra e veio a decepção e o arrebatamento, com o desapontamento de não poder atender às suas próprias necessidades políticas, dentro de um partido distante da sua origem. As sucessivas investidas contra a ignomínia de nada adiantaram e, um ar de incapacidade, provavelmente, começou a tomar conta da cabeça do Senador.

Aquilo que seria, justamente, sua projeção junto a mídia e o eleitorado, estavam virando pesadelo, com gosto de derrota, alem da rejeição pelos seus próprios pares, que comungavam com outros interesses. Era líder e não liderava ninguém.

Não queria passar a imagem de um político fraco, apesar do fracasso, e provavelmente passou a viver o seu inferno particular e, ameaçou renunciar à liderança.

Quando tudo parecia perdido, apareceu a solução, e o Senador se apegou a essa tabua da salvação e conseguiu por fim “racionalizar” a situação.

Para não se martirizar renunciando a liderança, Mercadante precisava de um motivo, ou de uma causa qualquer, para se organizar mentalmente, diante da dura e frustrante realidade e, daí tirou uma vantagem: fez a si próprio uma afirmação contraria ao foto real, isto é, contou uma mentira para si mesmo e acreditou.

Quando Lula o chamou para uma conversa, sem o saber, deu o mote que Mercadante precisava para se livrar do fardo da renuncia. Qualquer que fosse o Canto da Sereia, de Lula, naquela conversa, já seria de antemão, a chave da porta de saída para a tal renuncia, em caráter irrevogável, do pseudolíder , Senador Mercadante.

Essa conversa, independente do que ele ouviu, foi a mentira necessária para ele racionalizar e chegar finalmente a uma conclusão, que nada tinha a haver com a realidade, mas salvava sua consciência política perante si próprio, podendo dormir em paz, e manter pelo menos o auto-respeito, jogando a responsabilidade nas contas do Presidente, que mais uma vez cantou o canto, que encanta quem ser encantado.

A racionalização é um dispositivo da mente, que transforma vontades ou anseios, em fatos fictícios supostamente reais.

É quando usamos a inteligência para negar a verdade; é um procedimento intimo, que nos torna desonestos diante de nós mesmos.

Se não podemos ser honestos com nós mesmos, com certeza não podemos ser honestos com nenhuma outra pessoa, quanto mais com o eleitor.

Quando Mercadante aceitou o Canto da Sereia, ele permitiu, sem o saber, uma ruptura, uma violação no seu caráter político, assim como fez a raposa diante das uvas . Essa foi a forma que o Planalto Central encontrou para não permitir a incomoda expansão de sua própria consciência, destruindo sua individualidade.

Agora,de fato,o Senador Aluizio Mercadante, se tornou apenas "mais um" dentro do PT.

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Itanhaém, SP, Brazil
Formado em Administração, pescador de pesqueiro, palmeirense de quatro costados. Adoro os anos 70: tenho uma Caloi 10( são três na verdade), um fuca bala além de uma maquina fotografica Pentax Assay 35mm, só para curtir essa década maravilhosa. Cultivo uma pequena horta de temperos no quintal. Temos Manjericão do comum e do roxo, Alecrim, Hortelã, Salsinha, Cebolinha, orégano, Pimenta dedo de moça, malagueta e de cheiro. Gosto de estar com a familia, churrasquear e cozinhar, pedalar e bater papo com os amigos. Caminhar na praia é atividade obrigatória de todos os dias, quando o tempo ajuda.